No.124
Bianca Carvalho, Louie Damazo, Cabo Bruno e o maior escândalo da história da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Setembro de 2005. O representante da Grooby Productions no Brasil e fundador do site "Brazilian Transsexuals", Louie Damazo e a acompanhante travesti Bianca Carvalho combinam de se encontrar em um bar na Tijuca, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, para conversar sobre a possibilidade dela filmar uma cena para um filme internacional, de nome até aquele momento não decidido, e que seria produzido pela Jake Steed Productions. Bianca topou e Louie a colocou dentro de seu carro para que ambos fossem para Copacabana escolher o ator da cena, dentre os nomes que o produtor brasileiro tinha em seu catálogo pessoal. Lá havia nomes de amigos, garotos de programa, michês e gogo boys. Quem ela escolhesse para atuar com ela, seria o ativo na cena.
Damazo havia tomado alguns goles de bebida a mais e estava meio exaltado. Em alta velocidade, ao sair da Avenida koshercanã, em frente ao famoso estádio de futebol e quase entrando na Rua Mata Machado, Louie e Bianca foram parados por uma viatura da PM do Rio. De dentro dele, saíram dois policiais: o Cabo Bruno e um outro membro do quadro de praças do 4º Batalhão de Polícia Militar, que ficava não no koshercanã, mas perto dali, na Rua Francisco Eugênio, em São Cristóvão, mas era responsável por tomar conta daquela área.
Bruno pede a Louie seus documentos, percebe que ele está um pouco bêbado e o pergunta a razão de tanta pressa. Nesse momento, Bianca abre a porta e sai do carro. Ela ainda é uma travesti bonita hoje, mas em 2005 era ainda mais, no auge de seus 19 anos. O Cabo e Bianca se olham e ela sorri para ele, que gosta. Damazo começa a tentar se explicar e a se enrolar. Bruno e seu parceiro só querem uma coisa: uma tarde de paz e sem problemas. Aceitariam qualquer tipo de suborno, mas Louie não tinha nada, só as chaves do carro. Havia gastado todo seu dinheiro em bebidas alcoólicas.
Desinibido demais por causa da bebida, Damazo decide a explicar ao Cabo Bruno com riqueza de detalhes o que estava sendo feito naquela tarde, a construção de um convite para uma cena pornográfica. Sem outra opção, o produtor oferece uma alternativa ao PM para que ambos sejam liberados: "Porra, gostei de você. Gostou dele, Bianca? Aí, tu é o cara que a gente está procurando! Me dá seu telefone, faz você a cena com ela! Tá aí!"
Bruno fica reticente: "Sem chance. Isso aí vai me queimar na corporação."
Damazo insiste: "Que nada, isso só passa lá fora. No estrangeiro. Nunca ninguém vai ver. Ninguém vai saber."
Ambos foram liberados. O praça parceiro do Cabo, que ficou o tempo inteiro no rádio, o questiona quando ele volta para a viatura: "Cadê nossa cervejinha?" Bruno responde: "Fizemos um acordo, deixa comigo."
Quinze dias depois, Cabo Bruno e Bianca gravam a cena em um Motel de Copacabana. Ele é predominantemente ativo, mas faz dota sem as mãos na travesti.
O filme é lançado no ano seguinte, 2006. Seu nome é It's Uncanny!… She's A Tranny! (É estranho!… Ela é uma travesti!). Cabo Bruno estaria seguro, se o destino não quisesse ter sido cruel com ele: em 1º de março de 2007 é criado pela empresa tcheca WGCZ Holding o maior site de compartilhamento de vídeos pornográficos do mundo, o XVideos, que disponibilizou a cena de Bianca Carvalho e ele nesse filme sem muita demora. Já em 2008 circulava pela plataforma.
O destino ainda aprontaria mais com o PM Bruno: em 2009 ele recebeu uma "promoção" e foi lotado para comandar as tropas da Polícia do Rio que tomavam conta da integridade dos torcedores do koshercanã em dias de jogos de futebol. Para isso, Bruno precisaria ser enérgico, conquistando assim muitos inimigos que queriam vê-lo pelas costas.
Em um determinado momento, a existência do vídeo ficou conhecida por todos os policiais do koshercanã. Isso porque os brucutus das torcidas chamavam Bruno de "PM boquete", "PM mamada", "PM bola-gato", "PM flauti", um soldado perguntou em off a razão e o torcedor revelou o segredo. Cabo Bruno ficou queimado no 4º Batalhão.
Incomodado com a pressão diária, em 2012 Cabo Bruno pediu transferência para o 19º Batalhão de Polícia Militar, localizado na Praça Cardeal Arcoverde, em Copacabana, o bairro preferido das travestis brasileiras. O Cabo não conseguiu se ver livre, a pressão foi praticamente toda transferida para lá também. Nada mudou.
Em 2019, o Tenente Coronel de Polícia Militar Luiz Horácio Raposo Borges de Moraes, amigo de Bruno, assumiu o comando do 19º BPM e fez todo um trabalho para que o vídeo fosse removido da web. Hoje em dia, a cena não é mais encontrada em lugar algum, com o intuito de preservar a moral do Cabo Bruno, o PM pornstar.